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Mostrando postagens de agosto, 2011

No Castelo de Bremgarten

Quem um dia plantou os velhos castanheiros, quem um dia bebeu a água a esguichar da fonte, quem um dia dançou no salão enfeitado - foram-se todos, esquecidos e enterrados. Hoje é a nossa vez: para nós brilha o dia e cantam para nós alegres passarinhos, sentamo-nos à mesa e sob a luz das velas brindamos ao dia que é para nós eterno. Quando nos formos e estivermos esquecidos, nas árvores altas ainda se há de escutar o gorjeio do melro e o cântico do vento, e lá em baixo entre as pedras o rio a espumar. No vestíbulo, na hora do grito noturno do pavão, hão de estar aqui outras pessoas: falarão, louvarão a maravilha da hora, embandeirados barcos estarão passando, e o eterno presente há de rir como agora. (Hermann Hesse, “As Poesias”, 1942)

Infinito

Eu sabia que um dia ela viria, Íntima de mim a cada instante, Embora oculta em todas minhas mortes. O silêncio outra vez presente. Tentei falar mas não consegui. Dos meus olhos tão perto, Tão distante do coração Não sei onde ficas Viajando por entre a solidão. Não mais juntos: Mas em paralelo, Tão substancialmente sós na apertada solidão, Que nesse silêncio se escuta a respiração de Deus. Na nossa rota não há dois astros Apenas nós e a cósmica solidão Do nosso próprio infinito...   Sônia Schmorantz

Chuva

Chove em silêncio, Pingos incessantes de poesia, Formando molhadas reticências... Há uma chuva em mim e Seu reflexo cinza, triste, Oculta a alegria colorida dos Dias sem medo que eu tinha no coração. Há uma melancolia sem cor, Há uma chuva feito versos, Que corre dentro do coração... .Não quero entender o que não tem explicação... Quero silêncio depois do vento, Quero um novo arco-íris num céu primaveril Quero uma alma quieta, uma luz que silencie, Quero outra vez ser chuva de verão, Serenidade, solo que absorve, Mar, montanha, flor, lua cheia, Amor e vida, em meu coração.... Sônia Schmorantz

O Tempo

O tempo se esfumaça na janela em que se espreita a vida. O alaranjado entardecer traz nostalgia como se a vida também desaparecesse com o sol ao final de cada dia. Não se vive uma história sem amor Não se faz um caminho sem coragem Não se passa os dias em branco. Há em cada dia uma chegada e uma partida, coisas que estão além do bem e além do mal. Cada dia tem sua dose de ironia e de amor sua dose de rotina e sua dose de humor, mas quando chega ao final morrem com ele tudo que se passou, morremos nós. Ficam as lembranças do que marcou, o resto fica num labirinto de imagens, engavetados na memória, sem uso... Cada dia amanhece e anoitece à mesma hora, cada um com seu destino ou desatino, entre um e outro há o tempo que não volta. O tempo parece brincar entre acasos e ocasos, dias compridos, coisas novas e coisas velhas. Depois desarruma tudo e vai embora... Sônia Schmorantz

Para Weni

Um dia, quando chegar a hora Da sua despedida E você tiver que ir embora Mesmo que eu sinta profunda tristeza Prefiro que não me olhe Queria que sua despedida Fosse como a da tarde em relação ao dia Dando lugar à minha lua para enfeitar a noite Que depois cede seu lugar ao sol Para iluminar e aquecer um novo dia Queria que sua despedida Tivesse a leveza de um botão desabrochando em flor Com cor e perfume para alegrar um coração apaixonado O mesmo coração que um dia você em mim se plantou Queria que sua despedida Deixasse em meu coração um lindo jardim Com rosas, margaridas, orquídeas Plantadas por você e com seu jeito de gostar de mim Queria que sua despedida Fosse como a calmaria do mar Tranqüila, serena sem marolas Onde eu possa com minha nau navegar Sem sobressaltos Queria que sua despedida Fosse como a corrente dos rios Que ao encontrar seu destino, o mar Se harmonizam o doce com o sal E se desmancham as tristezas e mágoas Se acaso e