No Castelo de Bremgarten
quem um dia bebeu a água a esguichar da fonte,
quem um dia dançou no salão enfeitado
- foram-se todos, esquecidos e enterrados.
Hoje é a nossa vez: para nós brilha o dia
e cantam para nós alegres passarinhos,
sentamo-nos à mesa e sob a luz das velas
brindamos ao dia que é para nós eterno.
Quando nos formos e estivermos esquecidos,
nas árvores altas ainda se há de escutar
o gorjeio do melro e o cântico do vento,
e lá em baixo entre as pedras o rio a espumar.
No vestíbulo, na hora do grito noturno
do pavão, hão de estar aqui outras pessoas:
falarão, louvarão a maravilha da hora,
embandeirados barcos estarão passando,
e o eterno presente há de rir como agora.
(Hermann Hesse, “As Poesias”, 1942)
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